Bolt critica Federação Jamaicana por não apoiar reforma da IAAF: "Ridículo"

10/12/2016 19:50

Pacote de medidas visa combater corrupção e doping e evitar novos escândalos.

 

Usain Bolt não gostou nada de saber que a Federação Jamaicana de Atletismo (JAAA) se absteve da votação de um plano de reforma da Federação Internacional (IAAF) contra corrupção e doping no esporte. O painel, realizado em Mônaco na última semana um dia depois de o Rio ser premiado como melhor atleta do ano, estabeleceu a criação de uma unidade independente de integridade, que fiscalizará as ações da IAAF a fim de evitar novos escândalos administrativos.

Além da Jamaica, Ucrânia, Senagal, Omã e Uzbequistão se abstiveram. Outros dez países se mostraram contrários ao projeto: Benin, Bahrein, Chad, Gambia, Cazaquistão, Arábia Saudita, Laos, Malásia, Tailândia e Sri Lanka. A Rússia não teve direito a voto devido à suspensão internacional aplicada pela IAAF.

- Fiquei muito chocado quando eu soube disso. Acho ridículo e engraçado ao mesmo tempo saber que a IAAF está tentando dar grandes passos como este para fazer o esporte melhor e nós (Jamaica), que estamos fazendo tão bem no esporte, por que não a apoiamos indo na direção certa? Fiquei meio desapontado em saber que a JAAA não apoiou – disse o tricampeão olímpico dos 100m, 200 e do 4x100m à agência Reuters.

Com a reforma, a IAAF espera combater a corrupção e o doping para resgatar a confiança de investidores e fãs no atletismo, abalada após a descoberta de que o escândalo de fraude da Rússia contou com a conivência do ex-presidente da IAAF, o senegalês Lamine Diack – Sebastian Coe, atual presidente, era vice na época, mas não foi acusado de cumplicidade. As propostas aprovadas pela maioria do painel da IAAF se fundamentam sobre quatro pilares: buscar novos parceiros e fãs; igualar condições e processos entre países (especialmente o controle antidoping); promover a ética dos dirigentes; e empoderar atletas. Uma das ideias é reduzir o poder do presidente da entidade e transferi-lo a uma comissão executiva. As mudanças vão acontecer em dois estágios. O primeiro deles começa no dia 1 de janeiro de 2017. O segundo, no dia 1 de janeiro de 2019.

Ciente das críticas de Bolt, o presidente da JAAA, Warren Blake se defendeu dizendo que as pessoas não analisaram detalhadamente a proposta da IAAF, limitando-se às ideias gerais.

- Acho que as pessoas deveriam respeitar o direito de cada federação de olhar para o pacote e fazer o que acha que é melhor. Muitas pessoas nos criticaram por não votar, mas eu diria a elas para ir e olhar a constituição e verificar exatamente o que foram as mudanças – disse Blake, também à agência Reuters.